
Por Alan Caldas (Editor) 4u1016
De segunda (2) até sexta-feira (6) ocorreu em Dois Irmãos o segundo mutirão para cirurgias de castração de cães e gatos. O local, gentilmente cedido pela nossa Igreja Católica, foi o salão de esportes do Seminário Maria Auxiliadora.
A veterinária Vandra Padilha Machado efetuou as cirurgias, com apoio de seus dois assessores, Ederson e Anie. Eles integram a Clínica Veterinária Miau – Auau, de Santa Cruz, que ganhou a licitação feita pelo Pregão eletrônico na prefeitura de Dois Irmãos, responsável por esse mutirão através da Secretaria da Saúde.
No trabalho de cadastramento e recepção aos animais, segundo informes do secretário Nilton Tavares, participaram os servidores Amanda Hoppen, Aline Reusch, Diego Buttow, Marcelo Zimmer, Tauana da Rosa, Alan Bley, Arthur Willers e Jonas Ferrreira.
Na conta final, incluindo cães e gatos, foram castrados 200 animais. Alguns deles com tutores, pessoas que previamente se inscreveram para levar seus animais até o local da castração. Outros era animais de rua.
Associação Amigos dos Animais sempre lutou por essa campanha de castração
Esse mutirão de castração foi o segundo que ocorreu em Dois Irmãos, patrocinado pela Prefeitura e com verba do governo do Estado. Mas a história dos mutirões de castração está ligada diretamente à Associação Amigos dos Animais de Dois Irmãos.
A associação foi fundada lá no distante 3 de setembro do ano de 2009, por um pequeno, mas dedicadíssimo número de pessoas ligadas à causa animal. Essa associação é um orgulho e honra para a nossa Dois Irmãos.
Hoje a Presidente da Associação é da nossa amiga Nice Closs, que tem como vice Maria Isaura Lehnen e um grupo de pessoas dedicadíssimas, verdadeiras guerreiras em prol da causa animal. E, do início até agora, foi sempre assim.
A primeira Presidente foi a Vera Sbroglio, acompanhada pela Vice Sara Capeletti Braun, tendo na diretoria e Conselho Eliane de Souza, Francine Sbroglio, Karina Finck, Raquel Feldens, Rosane Antony Quadri, Sílvia Strassburger, Aury Finck Filho, Atiene Finck Alves, Fabiano “Binho” Portela dos Santos e Fernanda Souza. Foi um momento inesquecível a criação da associação, porque, até ali, cachorro vivia na rua e maus tratos a animais era expressão praticamente desconhecida pela maioria da população.
Todas aquelas pessoas e as que as foram sucedendo nas Diretorias seguintes, trabalharam tão unidas, fizeram um movimento tão forte e importante, tão dedicado e constante que criaram em Dois Irmãos uma Cultura de proteção a cães, gatos e animais em geral. Todas elas, de lá até aqui, são pessoas de imenso valor social. Merecem salvas de palmas pelo que fizeram e fazem na história de Dois Irmãos.
Em centenas de notícias e reportagens que o Jornal Dois Irmãos fez sobre o trabalho das diversas diretorias que se seguiram na Associação Amigos dos Animais, podemos constatar o amor e cuidado quase doentio que essas pessoas dedicam aos animais.
Recolhiam. Alimentavam. Cuidavam. Se matavam para arrumar quem adotasse. aram a solicitar ajuda. Criaram brechó em favor dos bichos. Visitavam a prefeitura, a Câmara de Vereadores, as indústrias, o comércio, governo do Estado e sempre divulgando a causa animal, sempre espalhando esse afeto contaminante pelos bichinhos. Era e é empolgante falar com as pessoas que integram a associação.
O histórico dos mutirões de castração
Com o tempo ando e o número de cães atendidos pela Associação crescendo, as integrantes do grupo viram que era preciso fazer a castração.
A senhora Rosane Antony Quadri integrava a Associação e o Paulinho Quadri, esposo dela, era vereador em Dois Irmãos. Foi o Paulinho quem pela primeira vez conseguiu colocar no orçamento da prefeitura de Dois irmãos uma verba destinada a um projeto de castração.
Olhando os arquivos do Jornal Dois Irmãos, encontro uma notícia dando conta da licitação pública para se contratar uma clínica veterinária e fazer um “mutirão de castração”.
Em prefeitura, tudo se faz através de licitação e Pregão eletrônico e dele participam empresas do Brasil inteiro, não apenas de Dois Irmãos. Naquela primeira vez, quem ganhou a licitação foi uma clínica veterinária lá de Santa Catarina. A turma da Associação ficou feliz, o mutirão finalmente sairia. Mas deu algum problema no meio, alguma documentação da clínica que ganhou ou algo assim, e o primeiro mutirão de castração acabou não saindo.
As mulheres da Associação ficaram deprimidas, tristes, mas seguiram pressionando e tensionando o jogo e o Poder. Foi então feito novo Pregão, e ganhou uma clínica de São Leopoldo. Agora vai? Não! Ocorreu outro problema em algum artigo da licitação e o mutirão novamente foi cancelado.
As senhoras da Associação quase se desesperaram. Mas não recuaram. Nova pressão. Novos contatos. Nova licitação. E, desta vez, já em 2024, quem ganhou foi a clínica do veterinário Claudinei. E fez-se, então, o primeiro mutirão de castração.
Olhe, porém, a ironia da história: em um dos artigos da lei de licitação, dizia-se que as pessoas que ganhariam o direito de castrar gratuitamente seus cães deveriam ter renda de no máximo 1,5 salário mínimo. Isso reduziu muito o número de participantes.
O veterinário castrou os que vieram de acordo com a Lei e sobrou dinheiro para castrar pelo menos mais 100 outros cães. A verba não gasta retornou à prefeitura e, provavelmente, foi usada agora, misturada ao dinheiro do governo do Estado que foi conseguido pela Prefeitura de Dois Irmãos para se fazer este segundo Mutirão de Castração que encerrou na sexta feira, 6, e no qual foram castrados em torno de 200 cães e gatos.
Como pode? Dois Irmãos tem 140 e São Leopoldo 145
No início não eram tantos animais em Dois Irmãos, mas com o trabalho rigoroso delas e com os cuidados que cada bichinho ia recebendo, algo aconteceu. O número de animais cresceu. É como se pessoas de cidades vizinhas, sabendo do cuidado que aqui se dá aos animais, tivessem ado a “largar” seus pets aqui em Dois irmãos.
No bairro Travessão, por exemplo, é incrível o tanto de cães que são “jogados fora” por pessoas que não querendo mais os bichinhos, vão lá de carro, põem os pets para fora e partem em disparada, deixando os animais lá, perdidos, abandonados, largados à própria sorte ou azar. Muitos deles se jogam em baixo dos carros, como que em loucura e suicídio. Dá pena isso. É muito triste.
O crescimento chegou a um ponto tal, que hoje, segundo disse a Presidente Nice Closs, o canil de Dois Irmãos tem 140 que estavam abandonados e foram recolhidos pela associação, para serem cuidados, tratados, castrados e dados em adoção. Cento e quarenta! O número é assustador.
Dois Irmãos tem 33 mil habitantes e tem 140 cães abandonados e sem adoção. Já São Leopoldo, que tem 220 mil habitantes, “tem 145 cães esperando adoção”, informa Sara Braun, ex-presidente da associação.
Uma luta incrível e um ganho incrível
Desde muitos anos o Estado do Rio Grande do Sul criou uma “consulta popular” para ver, nas diversas regiões, “onde” a população deseja colocar uma verba que o Governo Estadual libera para as regiões.
Dois Irmãos está dentro de uma das regiões da Consulta Popular. E a Associação Amigos dos Animais de Dois irmãos se movimentou para que as pessoas de Dois Irmãos votassem nessa escolha, pois a Associação estava com um projeto inscrito na Consulta Popular.
Sara Capeleti Braun foi uma das que mais se movimentou. Mas todas elas fizeram campanha. Forte. Determinada. Permanente como tudo que essa Associação faz. E o resultado veio.
Na votação da Consulta Popular, Dois Irmãos ficou em 4 lugar, e em vista disso foi contemplado com uma verba de 204 mil reais. Verba específica para castração. Na quinta-feira, falando sobre esse projeto e esse ganho, Sara Braun informou que ao que tudo indica esse dinheiro deverá vir no ano que vem. “E aí já se pode fazer outro mutirão”.
Elas entraram até no mato para caçar gato
As pessoas não sabem, mas Dois Irmãos tem muitos gatos que ficam e se reproduzem nas matas ao redor e dentro da cidade.
A presidente da Associação, Nice Closs, bem como sua vice, Maria Isaura Lehnen e as demais colegas da Associação, na semana do mutirão foram caçar esses gatos nas ruas e nas matas, onde eles habitam. Muitas saíram lanhadas pelas unhas dos gatos, que são ariscos e até selvagens, mas recolheram um bom número deles, levando-os para o prédio da cachaçaria Dom Braga, onde, na sexta-feira, foram castrados para evitar que se reproduzam.
Os gatos caçados pelas matas ficarão sob cuidados médicos por 10 dias e, se não forem adotados, serão devolvidos à vida livre.
Os gatos que habitam nas matas geram dois problemas. Um deles é a reprodução descontrolada, pois cada namoro é uma ninhada. E o segundo problema são as doenças. “Eles têm doenças como a esporiotricose”, diz Sara Braun. “Essa doença é tratada com um antifúngico caríssimo, mas é um problema de zoonose e precisa ser tratado como saúde pública”, diz ela.
A presidente Nice Closs disse, também, que diversas pessoas em Dois Irmãos que estão próximas às áreas de mato se responsabilizam por dar alimentação para esses gatos. “Nós sempre estamos sendo chamadas para levar ração para as pessoas que são cuidadoras voluntárias”, disse a Nice.
“São valores altíssimos em alimentação, casinha no mato e cuidados que temos de ter com esses gatos”, lembrou Nice. “E temos várias pessoas como a Doroteia, a Rosane, a Eliane e tantas outras pessoas maravilhosas que alimentam os bichinhos para que não em fome”, diz ela, emocionada com a solidariedade aos animais.
Segundo a Nice, num cálculo por baixo, Dois Irmãos tem quase 100 gatos de mato. Só no Travessão, por exemplo, a vigilância sanitária cadastrou um sítio com mais de 30 gatos na mata. “E são ariscos”, diz Nice. Ela e suas companheiras tiveram de entrar mato adentro para capturar as ferinhas e leva-las à castração. Saíram lanhadas. Mas, brinca a Nice, “ser da Associação Amigos dos Animais é viver diariamente isso”.
Que Deus abençoe e proteja essas mulheres!