
Fonte: Abicalçados 533753
Mesmo experimentando uma recuperação no último bimestre de 2020, o setor calçadista nacional, responsável pela geração de mais de 255 mil empregos diretos no Brasil, vem mostrando preocupação quanto à sustentabilidade da retomada para os próximos anos.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, destaca que o setor deve encerrar 2020 com uma queda de 22% na produção de calçados, retornando ao patamar de 16 anos atrás, algo em torno de 710 milhões de pares. “São 200 milhões de pares a menos do que no ano anterior. Isso significou empregos de milhares de pessoas. Somente no pico da pandemia do novo coronavírus, entre março e junho perdemos mais de 60 mil postos”, conta o dirigente.
Porém, o setor ou a experimentar uma recuperação com a abertura gradual do varejo no segundo semestre, mas que não foi suficiente para “salvar” 2020. Em novembro ado, conforme o IBGE, a produção de calçados teve o único resultado positivo ante mesmo mês de 2019, 6,7%. “Ainda assim, entre janeiro e novembro de 2020 a queda acumulada ficou em 23,4%”, informa Ferreira.
Projeção
Para 2021, o setor calçadista espera recuperar parte do “estrago” do ano ado. Conforme projeções da Abicalçados, a produção de calçados deve crescer 14%, para o equivalente a 811 milhões de pares, ainda 10% aquém do resultado pré-pandemia, em 2019 (908 milhões de pares). “Existe um processo de recuperação natural, com a retomada dos negócios no varejo de calçados, que responde por mais de 85% das nossas vendas totais. Porém, sabemos que o desafio mais difícil não é crescer sobre a base terrível do ano ado, é continuar sustentando uma recuperação para o setor, que vem sofrendo há muitos anos com o processo de desindustrialização provocado pelo chamado Custo Brasil”, avalia o executivo, ressaltando que a redução desses custos a pelas reformas Tributária e istrativa. “Não conseguimos enxergar, na atual realidade brasileira, como poderemos reduzir a carga tributária no curto prazo, porém enfatizamos que somente uma maior simplificação, desburocratizando os processos, já ajudaria muito”, comenta Ferreira.
Competitividade
Segundo Ferreira, apesar de o Brasil contar com uma produtividade por trabalhador maior do que os maiores concorrentes do setor calçadista em âmbito internacional (China, Vietnã e Indonésia), os custos produtivos elevados acabam tirando a competitividade do produto nacional, tanto aqui quanto no exterior. “O Brasil já foi um dos maiores exportadores de calçados do mundo e hoje não figura nem mesmo entre os 10”, lamenta o dirigente, acrescentando que a indústria nacional faz o “dever de casa”, mas que precisa ter a clareza de uma agenda de reformas estruturais mais robustas para poder competir com concorrentes internacionais, especialmente os asiáticos.
Além da reforma tributária e simplificação dos processos, Ferreira destaca a importância de uma reforma istrativa no Estado Brasileiro. “Hoje a dívida pública chegou a mais de 90% do PIB brasileiro, é uma situação insustentável. Para reduzi-la a única saída é aumentar a eficiência do Estado e isso só se dará diminuindo o seu tamanho”, conclui o dirigente.